Arquitetura

Diplomados no exterior: o processo de revalidação e o mercado no Brasil

CAU/RS conversou com profissionais diplomados fora do Brasil e compartilha suas histórias.

Experiências novas, conhecimento e algum incremento no currículo fazem parte da bagagem de quem decide se profissionalizar no exterior. Muitos são os que viajam mundo afora para se tornarem grandes profissionais. Porém, o processo de reconhecimento da profissão é mais complexo do que simplesmente sair do país e voltar com mais conhecimentos. Diplomados em arquitetura no exterior passam por alguns processos de revalidação do diploma para poder exercer a profissão no Brasil. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) conversou com profissionais diplomados fora do Brasil e compartilha suas histórias, hoje, no Rio Grande do Sul.

Pedro Xavier de Araújo, gaúcho que trabalha como arquiteto e urbanista na Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), estudou em Barcelona e guarda as boas lembranças da fantástica a experiência. “É uma cidade cuja cultura está muito amarrada na arquitetura, no urbanismo e no design”, lembra. Pedro escolheu Barcelona, onde viveu entre 2006 e 2010, pela qualidade do ensino e pela crença de que a viagem faria muito bem à formação como arquiteto. Continuou lá o curso que fazia na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Estruturas e construção são as áreas mais valorizadas no currículo espanhol. A principal diferença é a cultura da arquitetura. Na Espanha, segundo o arquiteto e urbanista, se vivencia e se debate arquitetura e urbanismo com mais intensidade e há muito mais tempo. “Pessoas leigas já possuem algum conhecimento sobre o tema, o que se reflete na valorização da profissão”. Os arquitetos, assim como no Brasil, ainda têm dificuldade de cobrar e receber decentemente. “A luta pela vida é semelhante, mas a arquitetura é muito mais reconhecida e valorizada na Espanha”, afirma.

Outro diferencial é que os professores estão mais inseridos no mercado. Assim, os estudantes têm a possibilidade de ver e frequentar seus projetos. Pedro voltou para o RS quando a crise se tornava aguda na Espanha, por volta de 2009. Neste período, diversos imigrantes foram despedidos. Hoje, Pedro trabalha na FASC, órgão responsável pelas políticas públicas voltadas às populações mais vulneráveis.

Maria Fátima Bogado, arquiteta paraguaia formada pela Universidade Nacional de Assunção, trabalha como profissional autônoma em Porto Alegre. Concluiu o curso de arquitetura em 2009 e, no mesmo ano, veio para o Brasil. Em seu país natal, segundo seu relato, o foco arquitetônico é em obras. E o RS proporcionou o exercício em arquitetura de interiores, tanto residenciais quanto comerciais.

No Paraguai, os estudantes têm a oportunidade de trabalhar e acompanhar a atuação de construtoras de médio e grande porte. Lá, Maria fazia o acompanhamento de obras, quantificação de materiais, redação de diário de obras, entre outras atividades relacionadas. De acordo com ela, no Paraguai, não existe tanto a “glamourização” da profissão e que “mesmo assim, por causa do boom da economia, ocorreu um aumento da demanda, deixando a profissão bem valorizada”.

Jorge Omar Cornejo Felice é peruano e arquiteto formado pela Universidade Ricardo Palma, em Lima. Reside, atualmente, em Gravataí. Na época em que Jorge estudava arquitetura, pelo final dos anos 90, existiam poucas faculdades da área no Peru, mas o país estava ingressando em um crescimento econômico rápido, fazendo a perspectiva profissional aumentar por conta da demanda de construções. Felice concluiu o curso em 2004 e veio para o RS em 2009, quando o Brasil estava em forte crescimento econômico e tinha uma boa perspectiva para o seu crescimento profissional.

Segundo o arquiteto, é difícil fazer a comparação entre dois países com realidades tão diferentes, mas por causa da crise econômica que vem ocorrendo no Brasil tem sido muito difícil a estabilidade profissional. “Enquanto isso, no Peru vive-se um grande momento da construção de casas de praia ao sul de Lima”, comenta, mostrando que o mercado de trabalho está estável e em crescimento por lá. Felice é pai de gêmeas e colega de trabalho da esposa. Juntos, eles desenvolvem principalmente projetos de casas e o arquiteto também ajuda seu pai que é engenheiro sanitário no Peru.

Como funciona a revalidação do diploma do exterior?

A revalidação de diploma de graduação expedido por Instituições de Ensino Superior (IES) estrangeiras é regulamentada pela Resolução CNE/CES nº 01, de 28 de janeiro de 2002, alterada pela Resolução CNE/CES nº 8, de 4 de outubro de 2007.

O processo de revalidação é realizado por uma universidade pública brasileira que ministra o mesmo curso de graduação realizado no exterior. É muito importante que o diplomado avalie a grade curricular do curso internacional e compare os conteúdos que teve com os ministrados pelas universidades públicas reconhecidas pelo MEC (Ministério da Educação). Isso ajudará na futura revalidação, pois é muito difícil que a universidade simplesmente aceite o diploma estrangeiro sem solicitar que o aluno curse algumas disciplinas e/ou realize provas e exames, com o objetivo de caracterizar a equivalência, verificar os conhecimentos ou simplesmente complementar a formação (quanto maior o número de disciplinas semelhantes, menores as chances de ter que cursar outras).

Por que é importante fazer a revalidação do diploma?

Nenhum profissional arquiteto e urbanista, nem mesmo estrangeiro, pode atuar na área sem o seu diploma reconhecido e seu devido registro no conselho de categoria. Isso significa que sem a revalidação do diploma nenhum arquiteto formado no exterior poderá exercer a profissão aqui. Segundo a conselheira Rosana Oppitz (Coordenadora Adjunta da Comissão de Exercício Profissional do CAU/RS) e o conselheiro José Arthur Fell (Comissão de Ensino e Formação do CAU/RS), o número de estrangeiros cresce com o aumento das obras públicas e do processo de imigração de estrangeiros para o Brasil, ou seja, com o aumento de obras no nosso país a demanda de arquitetos e urbanistas aumenta e para isso precisamos de arquitetos e urbanistas reconhecidos atuando.

Fonte: CAU/RS

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