Ensino

ABEA lança carta contra ensino de Arquitetura e Urbanismo a distância

Segundo entidade, o espaço físico adequado é parte do processo de ensino e favorece o aprendizado.

A Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), entidade civil que atua há mais de 40 anos no aperfeiçoamento do ensino de Arquitetura e Urbanismo, manifestou publicamente preocupação e discordância com a criação de cursos de graduação de Arquitetura e Urbanismo na modalidade Ensino a Distância. Na carta “Aprender Arquitetura e Urbanismo à Distância Não Funciona”, a entidade afirma que o convívio presencial é fundamental para a vivência e o questionamento do próprio espaço. “O Ateliê de Arquitetura e Urbanismo é o espaço facilitador da construção coletiva do conhecimento, é o espaço que permite a integração professor/aluno e aluno/aluno”, diz o documento.

Leia aqui a Carta da ABEA

“Essa carta é resultado de nossa preocupação com aparecimento de cursos de Arquitetura e Urbanismo a distância. Vamos enviar o documento a todos os órgãos reguladores do ensino superior no país”, afirma a presidente da ABEA, Andrea Vilella. Essa preocupação é compartilhada pelo CAU/BR, diz o coordenador da Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR, conselheiro José Roberto Geraldine. “A Comissão de Ensino e Formação tem acompanhado a abertura desses cursos, são três até agora, assim como tem buscado diálogo com os grande grupos educacionais em atuação no Brasil, na perspectiva da reversão da oferta de cursos na modalidade EaD para cursos presenciais. Essas ações visam a proteção da sociedade, tendo en vista a oferta de cursos de baixa qualidade que colocam em risco o Exercício da Arquitetura e Urbanismo”.

“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço…”
(Lúcio Costa)

A ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, entidade civil de livre associação fundada há mais de 40 anos com enfática atuação e contribuição no aperfeiçoamento constante do ensino de arquitetura e urbanismo, inclusive buscando novos métodos, modelos e ferramentas pedagógicas, vem manifestar publicamente sua enorme preocupação e peremptória discordância com a criação de Cursos de Graduação de Arquitetura e Urbanismo na modalidade EaD.

Arquitetura e Urbanismo é um ofício que, da mesma forma que a Medicina e o Direito entre outras importantes profissões, tem seu exercício regulamentado por relacionar-se com a preservação da vida e bem-estar das pessoas, da segurança e integridade do seu patrimônio, e da preservação do meio ambiente. Por isso mesmo exige, em sua formação, acompanhamento não somente presencial, mas de forma muito próxima em atelieres, laboratórios, canteiros experimentais e outros espaços vivenciais, em uma relação professor-aluno bastante reduzida, o que definitivamente não pode ser alcançado em cursos oferecidos totalmente a distância.

A ABEA reconhece que avanços na área de ensino a distância são importantes e se propõe a participar de um amplo debate público sobre seu alcance e suas limitações nas áreas de conhecimento que exigem formação teórico-prática e que podem ensejar risco à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente.

Em Arquitetura e Urbanismo, o espaço físico adequado é parte do processo de ensino e favorece o aprendizado. Se dar sentido a espaços (físicos e reais) é o dever de ofício, como fazê-lo na virtualidade? Como aceitar que a relação professor/aluno presencial não seja importante, que a virtualidade basta? Qual seria, então, o sentido da construção física, real e material dos espaços?

A ABEA sempre discutiu novas ferramentas de linguagem e expressão, entre outros recursos tecnológicos. Defendemos os princípios contidos no documento Perfis & Padrões de Qualidade que além de tratar das questões relacionadas ao Projeto Pedagógico dos Cursos e ao corpo docente, enfatiza a qualificação das condições físicas e espaciais dos ateliês e salas de aulas dos cursos de Arquitetura e Urbanismo. São espaços específicos, mas plurais, que permitem o exercício de diferentes formas de linguagem, expressão, práticas, pesquisa, concepção e desenvolvimento que fomentam o processo criativo. O Ateliê de Arquitetura e Urbanismo é o espaço facilitador da construção coletiva do conhecimento, é o espaço que permite a integração professor/aluno e aluno/aluno.

A ABEA entende que o convívio presencial é fundamental para a vivência e o questionamento do próprio espaço.

Assim, a ABEA vem conclamar as entidades, os professores, os estudantes e a sociedade civil a participar desse debate e solicitar dos organismos reguladores do ensino a suspensão imediata do funcionamento dos cursos de Arquitetura e Urbanismo à distância.

Via CAU/BR

0 resposta

  1. É muito triste ler uma notícia dessa em pleno século XXI. Eu já cursei duas graduações presenciais, e atualmente eu faço uma graduação em ARQUITETURA E URBANISMO, na modalidade EAD. Infelizmente não tenho mais a mesma disponibilidade para fazer um curso presencial, mas com o curso à distância isto se tornou possível. Me formar em um curso EAD não me fará menos capaz que outros colegas que o fizerem presencial. Aliás, posso dizer que preciso estudar muito mais agora, do que quando estava cursando a faculdade presencial. É preciso muito mais esforço e dedicação.
    Espero que o CAU não me negue o registro de Arquiteta e Urbanista após minha colação de grau. Espero que o CAU não caia em retrocesso!

  2. Ridícula a postura da ABEA. Este é o Brasil! Enquanto isso, as universidades “presenciais” continuam com seu descaso velado. Professores incapazes falando bobeiras ao vento ou um professor que tem sua aula gravada (ou seja, se falar bobeira, tudo estará documentado)

  3. Não podemos confundir a percepção sobre o âmbito disciplinar (dos componentes curriculares) e a evolução necessária entre a fundamentação e a consolidação de habilidades e técnicas projetuais.

    Não parece haver dúvidas de que o estudante de arquitetura e urbanismo deve dominar múltiplas capacidades instrumentais e comunicacionais até que esteja minimamente preparado para articular conteúdo teórico e capacidade propositiva na qualificação do espaço construído, quando estaria apto a receber seu registro no CAU/BR.

    Componentes em EaD precisam, neste sentido, profunda e verdadeiramente, fazer parte do processo de ensino e aprendizagem contemporâneo, mas também devemos priorizar o entendimento da arquitetura e urbanismo no que se extrapola na vivência pela convivência.

    A partir da preponderância de experiências coletivas e pluralistas de uma realidade espacial, devemos exigir e trabalhar pela qualidade da formação profissional tanto na forma presencial quanto na modalidade promovida por tecnologias educacionais diversas, em equilíbrio apropriado à formação teórico-prática de nossa profissão.

    A ABEA recomenda o uso amplo de suportes tecnológicos em apoio aos cursos presenciais, bem como quaisquer outros meios que estimulem os alunos ao uso das novas tecnologias e os incentive a desenvolver outras maneiras de projetar.

    A ABEA se opõe, enfaticamente, à maneira em que um modelo de educação possa se sobrepor ao outro na integralidade da graduação acadêmica, neste momento histórico em que esse equívoco pode ser contextualizado por interesses econômicos que se confundem com méritos pedagógicos, sob o risco de comprometermos o trabalho de futuros arquitetos e urbanistas e atrasarmos ainda mais a qualidade do crescimento, manutenção e recuperação de nossas cidades.

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