Arquitetura

Arquitetura de luto: falece Ruy Ohtake, autor de mais de 300 obras

Arquiteto nasceu em 1938 em São Paulo, onde também morreu com 83 anos de idade

 

Ruy Ohtake

 

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo lamenta o falecimento do arquiteto Ruy Ohtake, aos 83 anos de idade, na manhã deste 27 de novembro. Ele tinha um câncer de medula, mas a causa da morte não foi divulgada.

Embaixada do Brasil em Tóquio

Um dos grandes ícones de sua geração, o arquiteto desenhou mais de 300 obras construídas no Brasil e no exterior, que tinham os mais diversos fins, desde prédios de serviço públicos, como escolas até residências, apartamentos, teatros e cinemas. São características marcantes de seus projetos o uso de cores e ondas nas fachadas e ousadas formas que lembram pedaços de melancia e carambolas.

“Formado nas aulas pela figura carismática de Vilanova Artigas (1915-1985), sentiu uma profunda atração pela obra de Oscar Niemeyer (1907), com quem estabeleceu uma ininterrupta relação de amizade a partir de 1958. O nexo com duas personalidades tão distintas o coloca em uma posição eqüidistante de modelos preestabelecidos, mediante o qual evita a habitual dependência do discípulo frente ao mestre. Deste modo, desde seus inícios profissionais toma decisões por si mesmo e assume as diversas influências internas e externas que moldam toda uma etapa de maturação de uma linguagem artística”. (Roberto Segre, “Ruy Ohtake, “Contemporaneidade da Arquitetura Brasileira”).

Em São Paulo destacam-se os hotéis Unique e Renaissance,  o Instituto Tomie Ohtake,  o Parque Ecológico do Tietê, o sistema de transporte urbano Expresso Tiradentes e a sede social e cultural do São Paulo Futebol Clube.  Também são de sua autoria dos “redondinhos”, conjunto habitacional que desenhou de forma voluntária para a comunidade de Heliópolis. Ele deixa também sua marca em outras cidades do Estado: para Mogi das Cruzes, projetou o Parque da Cidade; em Jacareí fez o Centro Cultural. 

Nadia Somekh,  presidente do CAU Brasil, afirma que a notícia “representa uma perda para nós arquitetos,  para a cultura brasileira e como amigo desde a escola. Na FAU-USP  ele foi o meu escolhido para um trabalho sobre arquitetos paulistas.  Ruy  tinha uma perspectiva inovadora, formalista, que nem sempre era consensual no meio arquitetônico, porém do lado social sempre disposto a buscar com seu trabalho melhorar a vida dos cidadãos. Então é uma perda muito grande. O CAU Brasil lamenta mais esta perda no ano marcado também pelas mortes de Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner”.

Em artigo-homenagem publicado no portal Vitruvius , a arquiteta e urbanista e crítica Ruth Verde Zein afirma que  “quem trabalha com o que gosta jamais trabalha. E assim era Ruy Ohtake: um arquiteto workaholic, incessante, inquieto, sempre explorando outras possibilidades”.  Clique aqui para ler artigo na íntegra.

Em artigo publicado na Folha de S.Paulo em 28 de novembro, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da FAU-USP, disse que “além de projetar edifício icônicos, Ruy Ohtake foi um arquiteto com preocupações sociais e ambientais”. Como exemplo lembrou seu trabalho em parceria com a União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas) e o Parque Ecológico do Tietê.

Ruy Ohtake
Instituto Tomie Ohtake

Nota de pesar divulgada pela FNA lembra que para o Rauy Ohtake “o papel do arquiteto e urbanista é múltiplo ao atuar em Arquitetura Social”, como afirmou em palestra realizada em Brasília, no ano de 2019, promovida pelo Centro Cultural TCU com o apoio do CAU Brasil. Na ocasião, Ohtake destacou que “quando atua em programas sociais, o arquiteto tem que assumir duas atitudes: como técnico e como cidadão. É fundamental conversar com a comunidade, sentir o que os moradores pensam, não se fechar em um escritório para projetar de forma isolada”.

Completa a nota da FNA: “O resultado disso é dar dignidade às pessoas da comunidade.” Saiba mais a respeito:

CAU/BR: Arquitetura Social: o mal entendido que levou Ruy Ohtake a Heliópolis

Em Brasília, o arquiteto assinou o Royal Tulip Alvorada, o Estádio do Bezerrão e o Brasília Shopping. No exterior, é ele o responsável pela Embaixada Brasileira em Tóquio, no Japão, e pelos jardins e pelo museu aberto da Organização dos Estados Americanos, nos Estados Unidos.

O arquiteto era filho primogênito da artista plástica Tomie Ohtake (falecida em 2015) e do agrônomo Alberto Ohtake (falecido em 1961). Formado pela FAU-USP, Ruy Ohtake foi professor da FAU Mackenzie e da Universidade Católica de Santos, onde recebeu o título de Professor Emérito em 2007. 

Em junho de 2012, Massashi Ruy Ohtake (seu nome completo) recebeu a Medalha de Anchieta e Diploma de Gratidão pela Câmara Municipal de São Paulo, através do político Chico Macena, como homenagem e reconhecimento por toda sua obra na cidade, em especial as obras voltadas para projetos sociais na comunidade de Heliópolis.

Em 2019, a Academia Paulista de Letras o elegeu como  membro.

 

Hotel Unique (SP) | “Redondinhos” de Heliópolis (SP) | Centro Cultural de Jacareí (SP)

Via CAU/BR

 

Uma resposta

  1. Noticia muito triste para a comunidade da arquitetura. Ruy Ohtake foi um grande projetista e entusiasta na minha carreira como construtor de casas pré fabricadas. Descanse em paz, professor!

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