Arquitetura

Projeto brasileiro vence categoria Arquitetura Educacional ArchDaily Building

A obra premiada no ArchDaily Building é fruto da parceria Rosenbaum + Aleph Zero

O projeto Moradias Estudantis da Fazenda Canuanã, da parceria brasileira do escritório de arquitetura Aleph Zero com o designer Marcelo Rosenbaum, foi o vencedor na categoria Arquitetura Educacional dos Prêmios ArchDaily Building of the Year 2018. A obra, encomendada pela Fundação Bradesco, está localizada em Formoso do Araguaia, em Tocantins.

Os arquitetos responsáveis são Adriana Benguela e Gustavo Utrabo. A equipe é composta ainda pelo arquiteto Pedro Duschenes. Eles, que estão estabelecidos em Curitiba, foram convidados pelo designer para desenvolver o projeto.

Gustavo Utrabo, um dos arquitetos , ficou surpreso ao receber a notícia. “Estamos muito felizes de ter ganhado, principalmente com uma obra que possui uma intenção social tão forte como esta”, afirmou. Para ele o mais importante sobre o prêmio “é a gente conseguir colocar cada vez mais a arquitetura nacional em um patamar mundial”.

Moradias Estudantis, Formoso do Araguaia-TO. Foto Leonardo Finotti/Divulgação

A lista com os vencedores foi divulgada na manhã do dia 08/02. Foram quase 100.000 votos dos leitores nas últimas duas semanas que elegeram os 15 melhores projetos apresentados no Archdaily em 2017.

O projeto das Moradias, que abriga quase 800 alunos, já tinha ganho o Prêmio APCA 2017, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, na categoria Obra de Arquitetura no Brasil. Também foi indicado, como único representante da América do Sul, para o RIBA International Prize 2018, competição bienal do Royal Institute of British Architects (RIBA).

Moradias Estudantis, Formoso do Araguaia-TO. Foto Leonardo Finotti/Divulgação

As crianças como parte do proceso

“O ponto de partida foi ouvir as crianças. Numa primeira imersão, a equipe passou uma semana na fazenda, conhecendo os “clientes-mirins” e os arredores”, escreveu a revista Casa Vogue. “Logo percebemos que elas não enxergavam o lugar como sua casa”, declarou Gustavo Utrabo.

Os arquitetos, então, deixaram um tarefa para as crianças: “O que faz de Canuanã minha casa?” . Os estudantes, narra a revista, apresentaram textos, desenhos, pinturas e encenações num festival criativo que evoluía a cada dia, à medida que os profissionais envolvidos analisavam o material e propunham novas dinâmicas para outros grupos.

“O mais impressionante é que, nessa brincadeira, todas as conformações de planta eram muito semelhantes”, contou o Gustavo Utrabo. Assim nasceu a modulação dos novos dormitórios, bem como a forma de agrupá-los, em volta de três jardins. “Mostramos referências de espaços públicos, como praças, pátios, a oca indígena… E as crianças escolheram assim.”

Estrutura

O projeto chama atenção pelas belas estruturas de madeira e pela ampla cobertura que lembra uma oca, unificando os quartos em duas alas, os pavilhões feminino e outro masculino. Gustavo Utrabo destaca a ideia da estrutura ter sido pensada toda em madeira. “Trata-se de um material renovável que possui um maior desempenho quando trabalhado com técnicas específicas. Acredito que esse material deveria ser usado em maior escala nos projetos arquitetônicos”, afirma.

Painéis de palha de buriti trançada, outra referência indígena, sinalizam a entrada de cada quarto. Já os tijolos de solocimento e sua disposição formando cobogós remetem ao adobe das moradias dos assentados. “Não podemos esquecer que na escola convivem crianças vindas das aldeias e dos assentamentos. Há um grande conflito entre essas pessoas por questões fundiárias, e as animosidades se repetem em sala de aula. Fazer com que ambas as culturas se reconheçam aqui é um passo na direção de resolver essas diferenças”, disse Marcelo Rosenbaum.

Por ocasião da indicação do projeto para o RIBA Prize, o designer Marcelo Rosenbaum destacou o trabalho colaborativo que mostrou como arquitetos e profissionais de outras áreas podem usar seus conhecimentos como ferramenta de transformação social, inclusive se valendo saberes ancestrais, “essa beleza que tem aqui escondida no nosso país”.

Via CAU/BR

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