Arquitetura

CAU/MG entrevista a arquiteta Débora Vieira para o Dia Internacional da Mulher

Arquiteta e urbanista torce por mais projetos e obras de grande impacto liderados por mulheres no Brasil.

Dia Internacional da Mulher
A arquiteta e urbanista mineira Débora Vieira, que participou do Concurso “Nova Sede do CAU/BR + IAB-DF”, dentre outros. (Foto: Assessoria de Comunicação CAU/MG)

Formada pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no ano de 2005, a arquiteta e urbanista Débora Vieira Mendes estagiou em importantes escritórios de Minas Gerais durante seus anos de estudo, que proveram-lhe uma visão abrangente e multidisciplinar do campo de atuação de um arquiteto e urbanista. Em 2003, ainda antes de se formar, montou com três colegas de faculdade o Co.arquitetos, um atelier de Arquitetura experimental. Participavam ativamente de concursos de projeto para estudantes, inclusive no âmbito internacional. Em 2004 foi premiada, em conjunto com o colega Igor Macedo, em um concurso de ideias de projeto em comemoração aos 500 anos da cidade de São Paulo. A premiação rendeu reconhecimento e uma publicação em revista de circulação nacional. Em 2005, venceram o concurso nacional para a Sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

O Co.arquitetos evoluiu e em 2006 transformou-se na Tetro Arquitetura, onde atua desde então. A profissional concedeu ao CAU/MG uma breve entrevista, onde fala sobre suas motivações, opiniões sobre a Arquitetura e a atuação das mulheres na área. Confira:

O que te motivou a ingressar na área da Arquitetura e Urbanismo? Qual seu campo de maior atuação hoje em dia?

Desde pequena me identifiquei com a profissão. Desenhava muito, e gostava de fazer maquetes. Folheava revistas de arquitetura e acreditava que produzir um projeto deveria ser uma atividade muito desafiadora e prazerosa. No entanto, não foi um caminho linear. Cheguei a flertar com outras profissões, tendo inclusive ingressado em um curso de Comunicação Social antes de entrar para a faculdade de arquitetura. Logo percebi que tinha feito a escolha errada.

Minha principal área de atuação é no desenvolvimento de projetos de arquitetura de edificações. Na Tetro Arquitetura trabalhamos para grandes empresas, em projetos de todos os portes. Temos feito um trabalho interessante principalmente em indústrias, em locais que carecem muito de qualidade arquitetônica e ambiental.

Paralelamente aos meus projetos na Tetro, desenvolvo de forma individual projetos de menor porte, em especial residências.

Qual projeto considera o mais marcante na sua vida? Por quê?

Tenho que destacar o projeto para o Memorial Minas Gerais. Foi um projeto , que desenvolvi em equipe, logo que saí da faculdade. Uma edificação incrível em estilo eclético, situada na principal praça de Belo Horizonte, e que deveria ser renovada, afim de abrigar um museu dedicado à cultura de Minas Gerais. Um projeto bastante complexo para uma recém-formada, que me proporcionou grande aprendizado e ajudou a moldar a minha atuação a partir de então. Foi uma experiência muito instigante fazer arquitetura contemporânea em uma edificação tombada.

Em sua opinião, qual a importância da Arquitetura e do Urbanismo para sociedade e para as cidades?

A Arquitetura e o Urbanismo conciliam o ser humano, seu corpo e sua mente, com o ambiente em que ele vive. Como nos distanciamos do ambiente natural, precisamos construir nossa própria moradia, nosso ambiente de trabalho, nossas cidades. Então, que estes sejam eficientes e aprazíveis. Uma boa arquitetura é aquela que propicia boas sensações ao usuário, e que permita que ele desenvolva as atividades que lhes conferem qualidade de vida. Um bom urbanismo é aquele que promove espaços vivos e seguros, em que pessoas com pensamentos diferentes se encontrem.

Como você avalia a situação das profissionais arquitetas e urbanistas atualmente?

O prêmio Pritzker, que anualmente homenageia um arquiteto cuja obra construída tenha proporcionado contribuições significativas à humanidade, surgiu em 1979, porém, somente em 2004 houve o reconhecimento da primeira mulher, a arquiteta Zaha Haddid. Desde então, foram premiadas Kazuyo Sejima (2010) e este ano de 2017 Carme Pigem, integrante do RCR. Percebo na última década uma tendência de maior reconhecimento do trabalho das arquitetas e urbanistas.
No Brasil, gostaria de ver mais mulheres liderando o processo criativo de concepção de projetos de grande impacto. Nós ainda somos raras nesta área. Tenho me questionado se isto ocorre por afinidade ou por falta de incentivo. E espero que a expressão ‘você faz projeto como homem’, que tanto já ouvi, seja abolida do nosso meio.

Qual mensagem gostaria de deixar para as estudantes de Arquitetura e Urbanismo ou para quem tem interesse em atuar na área?

Doe suas revistas destinadas ao público leigo. Procure publicações voltadas para arquitetos. Exercite ao máximo sua capacidade criativa durante a passagem pela faculdade, mesmo que isto não lhe renda notas tão altas. É lá que você vai poder, sem as limitações do cliente e da legislação, explorar de forma mais livre todas as possibilidades do espaço construído. E participe de concursos.

Dia Internacional da Mulher
Débora, em conjunto com o colega Igor Macedo, venceu o concurso nacional para a Sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

Clique aqui e acesse outras entrevistas realizadas pelos CAU/UF’s
em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

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