Arquitetura

Bens tombados de Belo Horizonte sofrem com ações constantes de vandalismo

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A Praça Rio Branco, que fica em frente à rodoviária de BH sofre com pichações, bancos quebrados, acúmulo de lixo e mau cheiro. (Foto: Lucas Prates)

Pichações por toda parte, muita sujeira, bancos quebrados e um mau cheiro difícil de passar despercebido. Esse é um breve aspecto da Praça Rio Branco causado pelo vandalismo, que, por estar localizada em frente à rodoviária, é o primeiro patrimônio tombado acessível a quem chega de ônibus a Belo Horizonte.

O cartão de visita escancara a degradação de importantes pontos da região Centro-Sul. A reportagem do Hoje em Dia percorreu dez bens históricos protegidos e constatou precariedades e falta de zelo em oito. Os estragos, na maioria das vezes, são provocados por vândalos que roubam e danificam praças, monumentos, imóveis e outros espaços.

“Há seis meses que não passava por aqui (Praça Rio Branco). Estou impressionada. Está imunda, quebrada e virou morada para pessoas que estão nas ruas”, reclama a aposentada Maria Aparecida Teixeira, de 71 anos.

“Dos dez pontos percorridos, só dois em perfeitas condições: Igreja Nossa Senhora de Fátima
e escola Pandiá Calógeras, ambas no entorno da praça da Assembleia”

Lixo

Logo em frente à rodoviária, nem mesmo o prédio amarelo da Região Integrada de Segurança Pública (Risp), tombado há duas décadas, ficou imune. As muretas pichadas tiram um pouco da beleza da construção em estilo eclético, erguida há 92 anos.

Como se não bastasse, o lixo tomou conta de um dos gramados. Lá, há acúmulo de restos de comida, caixas de papelão, CDs, sapatos, cobertores e marmitas.

Próximo dali, o estado de outros patrimônios também provoca indignação. Boa parte foi alvo de pichadores. É o caso da fachada do prédio do Shopping Oi, do obelisco da Praça 7 e das praças da Estação e Raul Soares.

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Janelas quebradas e pintura danificada na fachada do prédio no Shopping Oiapoque (Foto: Lucas Prates)

Situação que assustou o jovem Vinicius Martins, de 22 anos. Na quarta-feira, ele saiu cedo de casa, no Barreiro, para fotografar pontos turísticos de BH. Mas, não gostou do viu. “É muito triste. Tenho fotos da Praça 7 de 2008 e estava tudo novo”.

Quebrado e queimado

Além da pichação, outros danos despertam a atenção. Um dos leões da Praça Rui Barbosa – umas da estátuas mais tradicionais da capital – está quebrado e queimado. Não se sabe ao certo quando ocorreu o estrago, mas pedaços da escultura sugerem que foi recente.

“Uma praça tão bonita que é cartão-postal da cidade não poderia estar degradada assim”, afirma a belo-horizontina Priscila Campos, de 35 anos. Para ela, o vandalismo cria uma sensação de insegurança. “Se por aqui frequentam pessoas que estragam o patrimônio tão livremente, podem existir assaltantes também”, diz Priscila Campos.

O prédio do antigo Cine Candelária, na Praça Raul Soares, é outro retrato da necessidade de investimentos. Em 2004, o local sofreu um incêndio e, até hoje, a estrutura está escorada para evitar desabamento.

Vigilância

Apesar dos danos mostrados, a Fundação Municipal de Cultura garante que monitora o estado de conservação dos bens tombados. Vistorias ocorrem após demandas da população ou de órgãos da prefeitura.

“A Diretoria de Patrimônio Cultural aciona a fiscalização quando há problemas. Se houver intervenção irregular, descaracterização ou ameaça de desabamento, a fiscalização emite auto de infração que pode incorrer em multas”, informa nota enviada. Além disso, o Ministério Público pode ser acionado e cobrar multas ou medidas compensatórias.

Obelisco que fica no hipercentro sofre com pichações. (Foto: Lucas Prates)

Regional Centro-Sul tem alta nos registros

Não são só os bens tombados que sofrem com o vandalismo. A regional Centro-Sul enfrenta crescimento nos ataques. Dados da Guarda Municipal, mostram que esses crimes subiram 14% no primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2016.

A região segue na direção contrária da média geral do restante do município, que registrou queda de 8,61% nos crimes provocados por vândalos. Entram nessa estatística pichações, furtos, danos e arrombamentos, dentre outras ocorrências.

Para o coordenador da Comissão de Políticas Urbanas e Ambientais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais, Sérgio Myssior, uma das possíveis justificativas para a maior depredação no Centro é a grande circulação de pessoas. Ele lamenta a situação.

“São lugares de integração e lazer, importantes para a vida em sociedade”. Além disso, Myssior alerta que o turismo pode ser afetado caso os pontos históricos fiquem com aspecto de mal cuidados.

Manutenção

A regional Centro-Sul foi questionada sobre os gastos para a correção dos patrimônios degradados. No entanto, a pasta apresentou apenas os valores empenhados na manutenção dos equipamentos próprios da prefeitura. Em 2016, foram R$ 548,86 mil. Nos primeiros seis meses de 2017 foram 314,57 mil.

Praça da Assembleia já tem brinquedos danificados por vândalos (Foto: Lucas Prates)

Para tentar inibir os atos de vandalismo, a Guarda Municipal fez 45 intervenções na regional Centro-Sul neste ano, com detenções de autores e encaminhamentos à Polícia Civil. O efetivo na região é de 983 agentes. Dentre as ações executadas está o patrulhamento dos equipamentos públicos.

Já o chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar, major Flávio Santiago, afirma que o patrulhamento dos equipamentos públicos é de responsabilidade da Guarda Municipal, mas que a PM dá apoio. “Tem gente que pensa que pichação é arte, o que dificulta o combate a essas ações”, afirma.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Hoje em Dia

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